Cara, muito legal este vídeo do canal “Do campo à mesa“.
Eu gosto muito deste canal e já o recomendei em algumas oportunidades. Falo dele especialmente em sala de aula quando menciono sobre a possibilidade de rentabilização de conteúdo autoral na internet. A dona do canal, Francine Lima, é jornalista e muito competente. Ela faz um trabalho muito bem feito e seus vídeos são informativos e inteligentes.
No vídeo acima ela faz algo muito corajoso: chama a atenção de youtubers famosos acerca do patrocínio feito pela indústria de refrigerantes. Todos sabemos que estas bebidas fazem muito mal a saúde pela quantidade de açúcar. Francine põe o dedo na ferida. E eu acho que ela acertou.
A crítica que ela faz aos youtubers que aceitam fazer propaganda deste tipo de produto me fez lembrar imediatamente de algo que aconteceu há nove anos no BlogCamp de BH*, quando eu perguntei aos donos de blog que vendiam posts se eles não estariam jogando a sua reputação na latrina ao fazerem isso. Esta minha intervenção fez até com que criassem uma google bomb com meu nome e a expressão “latrina mambembe”.
O fato, recuperando a fala da Francine, é que ela mandou bem ao chamar esta patota na responsabilidade. Estes produtores de conteúdo podem nem ligar, mas têm muita responsabilidade nas costas. Seus fãs os seguem cegamente. E isso é sério. Quando eles fazem apologia ao consumo de produtos tão danosos, devemos pensar não só na grana que eles ganham, mas também nas consequências.
Falo isso porque uma coisa muito bacana das plataformas web (uau, estou recuperando a minha fala de 2007!) é justamente o fato de termos o rompimento com o modelo da mídia de massa do patrocínio de grandes corporações para viabilizar projetos. No contexto da web, as pessoas podem individualmente financiar os produtores de conteúdo (como no caso da própria Francine, que recebe doações via PayPal); e isso faz deste espaço um lugar único em que a independência editorial é possível.
Por isso (em meu caso, antes da questão da saúde), acho que é uma bola fora fazer isso de associar sua imagem à de uma corporação. Em minha opinião, por mais que um youtuber cobre caro, jamais será um montante representativo para a corporação e – mais importante – jamais será algo que compensará a venda de sua credibilidade. É um modelo de comunicação publicitária velho. Funciona (não estou negando isso). Funciona muito bem para o anunciante (por isso falei da questão do montante). Mas o custo para o garoto propaganda é alto. Isso os jovens e inexperientes youtubers não sacam. Ao pensar na grana, estão focados no agora e esquecendo que o tempo passa.
A questão da saúde, levantada pela Francine, é igualmente importante. Mas como eu só parei de tomar refrigerantes há três anos (por causa de uma grave crise de labirintite. sabia que o refrigerante pode ajudar a desencadear uma crise?), acho que a Francine tem mais autoridade para falar do assunto sob este aspecto.
Kudos, Francine!
*Curiosamente ao apresentar o professor Jorge Rocha ontem em sala de aula para a terceira turma da pós em Comunicação Digital nos lembramos que foi neste evento que eu o conheci. Das coincidências da vida, né?