Durante este último final de semana aconteceu o BlogCamp em BH. Compareci ao evento apenas no primeiro dia e comecei a escrever este post lá, durante as discussões. Só publico o texto agora pois tentei refletir o máximo que pude sobre o assunto buscando evitar o envio de um texto incompleto. Não sei se consegui. Antes de jogar pedras, por favor, tente ler este texto até o final.
A primeira – e mais importante – coisa que pude perceber é o que já suspeitava ao ler os comentários e acompanhar os últimos eventos que envolviam o assunto “Blog” pelo Brasil: Blogs viraram desculpas para se (tentar) fazer dinheiro na internet. Por mais que a gente tente dar certa dose de eufemismo pra coisa, não há como evitar. Monetizar é o santo graal para uns 95% dos donos de blogs (odeio o termo “blogueiro” do mesmo jeito que tem gente que odeia “usuário” e prefere usar o tal “*nauta”. Pra mim “blogueiro” é um termo tão pejorativo quanto “maconheiro”) do Brasil. Num evento como o BlogCamp, a monetização parecia ser a coisa mais importante (como o “networking”) para quem quer que estivesse lá. Me senti como um completo estranho. O que percebi, ao ver as discussões do pessoal lá, é que blogs não são mais só aqueles sites de cunho pessoal onde os autores publicam suas opiniões sobre os assuntos que lhe interessam. Estes até existem, mas parece que são minoria; ou melhor dizendo: estes passam longe dos encontros como o BlogCamp. O tipo de site que parece predominar ao se procurar ilustrar o conceito de um blog hoje em dia é o site construído por alguém (ou um grupo de pessoas) que visa ganhar dinheiro publicando conteúdo e funcionando como alternativa aos jornais, revistas e programas de televisão.
Nada de errado nisso, devo sempre deixar bem claro. Não há nada de errado em querer ganhar dinheiro e muito menos em tentar construir fontes de comunicação alternativas às da – dita – grande mídia.
O que me espanta é que os blogs individuais e que carregam apenas as opiniões dos autores e não são monetizados parecem não ser mais considerados como blogs. E os que se opõem à monetização são considerados quase criminosos, ou melhor dizendo: comunistas comedores de criancinhas.
Pera lá, gente. Não é bem assim.
A monetização é uma opção e não um caminho obrigatório. A meu ver, diga-se, um caminho arriscado, pois tenta-se construir e atribuir reputação de fonte de notícias a uma forma essencialmente pessoal de se publicar textos.
Como disse, nada de errado em querer ganhar dinheiro com a coisa, mas evitem fazer isso chamando de blog. Não por purismo e uma tentativa romântica de manter o termo “blog” longe do vil metal. Nada disso! Evitem chamar de blog para – justamente – dar mais credibilidade ao que fazem. Embora o formato seja semelhante ao de blog, o que muitos sites monetizados escritos em grupo são na verdade é revistas e publicações especializadas sem um jornalista assinando a edição. Então, eu recomendo que estes sites se posicionassem como tal. Acho que eles ganhariam mais.
Porque, afinal, até quando o conteúdo de um blog é relevante? Já o de uma revista….
Permita-me (caso você ainda esteja lendo isso) explicar: Claro, o que um autor ou outro pode escrever um dia e você lê em uma determinada ocasião pode ser relevante para você num – como disse – determinado momento. Mas, uma pergunta que me faço constantemente é: você confia num blog? De verdade? A resposta ficou ainda mais clara depois de ver a quantidade de discussão no BlogCamp-MG sobre monetização, reputação, posts patrocinados e correlatos.
Ninguém lá além de mim e alguns outros presentes (coincidentemente professores, como eu) contestavam que a publicação de posts patrocinados trazia conseqüências para um blog que podem ser mais maléficas do que benéficas. Para o pessoal, o fato de uma revista tradicional fazer isso dá o aval necessário para que um blog o faça. Como já disse, não quero impor regras sobre o que deve e o que não deve ser feito, mas os donos de blogs que fazem isso devem ter em mente que isso tem uma conseqüência sim. A partir do momento que alguém busca um blog para ver uma opinião testemunhal e pessoal sobre um assunto e se depara com um texto publicitário disfarçado de post, há uma grave conseqüência nisso. E, como os donos de blogs não são profissionais do texto, isso fica cada vez mais fácil de descobrir… Aí, quem perde é o próprio dono do blog. Por isso é que eu acredito que quem quer seguir por este caminho deveria se posicionar como um periodista, e não como um dono de blog.
No evento, fiz perguntas mas não sei se fui plenamente respondido. Como sou contra monetização de um blog, não sei bem ao certo se minhas colocações foram entendidas do jeito que eu pensei que poderiam ser. É que parece haver uma certa confusão entre ser contra vender post e ganhar dinheiro…
Eu sei que blog é formato, e não linguagem. Ainda assim (e por isso), é legal dar um tom mais “profissional” quando se quer ganhar dinheiro com a coisa.
Enfim, acho que o evento foi bem bacana para reunir pessoas em torno de um interesse comum. Infelizmente, fazer do meu blog pessoal um espaço para ganhar dinheiro com posts patrocinados e anúncios do Google não é o meu interesse. Não que eu me oponha a quem faz, só acho que isso tem – como disse – conseqüências. Se um dia eu fizer isso, certamente não será aqui no [cc] e nem será associado ao meu nome.
Mas, voltando à conclusão deste mais que confuso texto… Valeu pela experiência.