Achei em uns antigos backups aqui no escritório um cd com minhas colunas para a revista WWW. Escrevi estas colunas nos anos de 2005 e 2006. Como elas ainda não estavam disponíveis para os leitores do blog, resolvi colocá-las aqui aos poucos. O que replicarei no blog é o texto bruto, enviado para os editores da revista. Os textos podem estar antigos e, ainda, terem erros. Conto com vossa compreensão. Boa leitura!
Coluna enviada para a revista WWW no dia 30 de setembro de 2006
Um blog é um blog e nada mais que um blog
Não é pra ser chato, mas sim realista. Embora os blogs (ou weblogs) sejam a materialização mais proeminente das assertivas de que a web é um espaço democrático, devemos sempre ter em mente que um blog não é nada mais do que um blog.
Como assim? É fato que, já há algum tempo, mais precisamente desde 2002, quando a Globo. com popularizou no país o serviço Blogger. com em sua versão brasileira, vivemos um crescente hype em torno dos blogs. Todos os dias milhares de novos blogs são criados e um sem-número de jornalistas descobrem a ferramenta e começam a publicar usando suas facilidades ou a criticá-la, apontando aqueles velhos defeitos (impossibilidade de aferir se o que está escrito é verdade, a questão do anonimato e por aí vai). Isso se mostra no fato de que hoje há quase tanto destaque nos grandes portais brasileiros para os blogs mantidos por jornalistas e hospedados por ali do que paras as próprias notícias. É uma bolha que não pára de crescer.
Isso tem o lado bacana de popularizar os blogs, mas tem o lado ruim de distorcer seu formato inicial. Usar o formato de blog para manter um jornal ou um periódico noticioso pode ser muito ruim. Tanto para quem o faz quanto para quem o acompanha. E os grandes portais têm feito isso sistematicamente no Brasil, contratando equipes de profissionais para escrever posts em blogs que levam a chancela de jornalistas famosos. Isso é muito ruim. Em primeiro lugar porque não custa nada manter um blog coletivo e todos assinarem com seus próprios nomes; em segundo lugar porque este tipo de blog acaba por confundir a cabeça de quem lê, sem saber direito se é um blog ou um site de notícias; em terceiro lugar, porque esta crise de identidade acaba por criar mais celeuma em cima do formato, contestando-se sua validade.
Adicione a esta argumentação aquela já conhecida síndrome de Andy Warhol: Todo mundo parece querer seus quinze minutos de fama na Internet. Aí, as celebridades instantâneas mantenedoras de blogs acabam por se confundir, tentando assumir a postura de fontes oficiais de notícias e de delineadores de opinião quando a coisa não é bem assim.
Por isso, repito: um blog é um blog e nada mais que um blog. É um espaço para a publicação rápida e fácil de conteúdo, num formato padronizado cuja maior característica é a disposição de informações em uma página de forma cronologicamente inversa, onde as entradas mais recentes estão no topo e as mais antigas, na parte de baixo da página. Além disso, o formato permite que o leitor interaja com o dono do blog, comentando as entradas e perenizando as discussões, através dos arquivos disponíveis. Esta explicação simplificada do formato tem o propósito de deixar claras as vantagens para as pessoas comuns, como você e eu, que querem manter um blog.
Ta, Caio… Você indicou uma questão, mas não apontou nenhuma resposta. Calma!
Que tal começarmos a tratar os blogs como eles são: blogs? O primeiro passo para isso é deixar claro, naquele conhecido espaço onde o autor fala de si, algumas linhas sobre o conteúdo autoral daquele site. Outra ação interessante é evitar usar o formato para fazer jornalismo. Isso evita críticas ao site em si e ao formato de blog. Uma terceira ação é a de evitar usar um blog para nada mais do que ganhar dinheiro. Pessoalmente, sou contra um blog pessoal ter anúncios.
Admito que não há como escapar da prática. Entretanto, é legal sempre ter em mente que, se o propósito é ter um site pessoal, por qual motivo você precisa de anúncios? Agora, se o seu negócio é ter um site de conteúdo e vender espaço publicitário nele, recomendo outro formato que não o de blog. O motivo? Simples: um blog é um blog e nada mais que um blog.