Achei em uns antigos backups aqui no escritório um cd com minhas colunas para a revista WWW. Escrevi estas colunas nos anos de 2005 e 2006. Como elas ainda não estavam disponíveis para os leitores do blog, resolvi colocá-las aqui aos poucos. O que replicarei no blog é o texto bruto, enviado para os editores da revista. Os textos podem estar antigos e, ainda, terem erros. Conto com vossa compreensão. Boa leitura!
Coluna enviada para a revista WWW no dia 1 de janeiro de 2006
Conhecer para fazer
Sabe aquele ditado de “escreve bem quem lê bastante”? Pois é, a mesma coisa pode ser aplicada para nossos projetos interativos. Faz melhor quem conhece os mais variados projetos, ou seja: se dá bem aqueles que usam a rede de um jeito diferente, com um olhar diferente e percebendo coisas diferentes.
Suponha que você acaba de ser contratado para uma consultoria. Seu cliente precisa propor algo novo para o cliente dele. A idéia é fazer algo diferente, surpreendente e eficiente. A primeira pergunta a fazer deve ser a de sempre: “qual é o objetivo do cliente?”. Para quebrar o silêncio que certamente se instalará na sala de reuniões, explique o óbvio: diferenciar e surpreender não são objetivos claros. É preciso, em primeiro lugar, conhecer o cliente e saber o que ele pretende fazer em suas ações de comunicação; on e offline.
Tendo sido identificados de forma clara e eficiente os objetivos do cliente, a segunda coisa a se fazer é pesquisar. Buscar em tudo quanto for lugar algumas idéias interessantes para poder, efetivamente, surpreender o cliente com alguma solução realmente eficiente. Comece pelos concorrentes diretos do cliente, conheça-os e também as suas ações como se você fosse parte da equipe. Entenda o que eles estão fazendo e procure identificar quais objetivos podem estar por trás daquelas ações. Evitar copiá-los. Fazer algo só porque o concorrente fez não é garantia de sucesso. Verifique se aquela ação se encaixa no conjunto de objetivos de seu cliente antes de propor uma aolução semelhante. Se todos simplesmente copiassem, não haveria inovação.
Depois de conhecer os concorrentes de cliente como a palma de sua mão, busque conhecer aqueles que atuam no mesmo segmento, mas em praças diferentes. Por exemplo: se o cliente é um shopping center, a primeira parte da pesquisa tem como foco os outros shoppings da mesma cidade, começando por aqueles que atuam junto ao mesmo segmento e depois expandindo a pesquisa. A segunda etapa da terá como foco os shoppings de outras cidades. Comece por aqueles que tenham perfil semelhante ao do cliente e, depois, novamente, expanda seus horizontes. Neste ponto as referências se multiplicam. Nem preciso dizer que quanto mais ações de diferentes shoppings centers, você conhece, mais fácil será propor ações interessantes para o seu cliente.
A pesquisa não pára por aí. Busque referências em ações de empresas de outros países se houver tempo. Você verá o quanta diferença este tipo de ação faz na hora de propor algum tipo de solução. E não se contente apenas com os concorrentes e empresas que atuem no mesmo setor do cliente em questão; busque empresas com atuação em setores proximos ou que compartilhem públicos semelhantes. Neste ponto as referências que você terá reunido serão exponencialmente superiores (em número e em ações) àquelas que você tinha quando olhava apenas para os concorrentes diretos do seu cliente.
Aí ficou fácil, não é? Propor uma solução que seja diferente, surpreendente e eficiente ficou moleza depois desta pesquisa que você fez. Mas também, pudera, não é? Com tanto esforço, o resultado não poderia ser diferente.
Moral da história: Um projeto interativo realmente novo e criativo não cai do céu.